sábado, 24 de novembro de 2012

Empreendedorismo não tem cor

*por Isadora Leone 


Sou mulher e odeio rosa!

Hoje foi um dia daqueles. Daqueles que parece que o relógio corre contra você e não ao seu favor!
Não vou listar as coisas que fiz, prefiro dizer somente que não fiz 2 das refeições básicas para ficar em pé. Para amamentar, que é o meu caso então, nem se fale!
Eu sempre digo que para ser eu mesma, do jeito que sou preciso de mais 6 horas no dia. Imagine querendo ser mais?  Impossível hoje em dia incluir academia, salão de beleza, horas de shopping e até esse texto na minha agenda. Mas sou uma empreendedora feminina de verdade e de hoje não passa!

Isso talvez não tenha muito a ver com que eu vou dizer agora, mas soma ao fato de estar farta com algumas convenções ridículas e padrões sociais fúteis que tenho visto ultimamente.

Então vamos lá! Vou começar com uma história. Um dia uma colega de trabalho me disse que eu usava um “óculos G5” para enxergar a vida (pra quem não sabe, G5, além de outros significados, é uma categoria da lâminas que se coloca no vidro do carro para escurecer bastante, acho que até é proibido.) Isso foi durante uma conversa sobre otimismo exarcebado frente as situações da vida, ela era uma pessoa otimista do tipo irritante. Naquela hora eu  disse que ela sim e que via o mundo com os óculos cor-de-rosa. Um exagero! Era daquelas que vê tudo com os olhos de Barbie, princesa de contos de fada e mais toda essa coisa melosa que a gente vê por ai. Eu nunca fui muito disso, quem me conhece sabe do que eu estou falando. Quando era pequena, eu gostava mesmo era de brincar de bicicleta, de correr na rua, brincar de pega-pega e tudo que faz uma criança ficar suada e suja! Nunca usava rosa. Minha mãe nunca me vestiu de rosa. Eu nem sabia o que era rosa, a não ser a flor! Mas nunca me senti menos mulher do que eu sou. E minha vida foi assim, fui pra faculdade, encontrei meu primeiro emprego e graças as leis da atração, sempre me juntei às pessoas do tipo “odeio rosa”. Amigas mais pé no chão, mais realistas, mais bocas sujas e ao meu ver, sem ofensas pessoais (só que não!),  mais verdadeiras. Inclusive, a tal cor-de-rosa sempre foi motivo de piada entre nós. Assim sou eu até hoje, sou mulher, bem mulher, mas não gosto da cor-de-rosa e acho muito demodê esse negócio  de associar o gênero feminino a isso. E tem um monte de gente que como eu.

Falo isso porque tenho ouvido, lido e visto muita besteira com essa confusão que algumas estão fazendo em associar com o empreendedorismo feminino ao feminismo e a porcaria da cor-de-rosa. Ora, por favor, não vamos reduzir a uma cor, roupa, corpo e comportamento feminista a lá princesas da Disney , o que nós,  mulheres de verdade, fortes, raçudas, vestidas de preto, de cinza, de branco (porque é mais fácil de combinar e sair correndo de manhã), fazemos todos os dias! Empreendedorismo feminino não é só isso. Vamos cuidar para que esses teminhas vazios que temos visto nas redes sociais  -  “correntes das empreendedoras”,  “4 dicas para ficar linda e empreendedora”,  “como tirar fotos de empreendedoras lindas”, “como estar loira e linda empreendedora” e por aí  vai -  nos peguem e reduzam esse movimento forte e transformador. Não vamos entrar nessa e garantir a continuidade das piadinhas masculinas sobre nós. Vamos levar isso a sério. Queimem os sutiãs rosas, pelo amor de Deus! 


Isadora Leone é mãe de Pedro (2 anos) e André (6 meses), sócia da empresa PitchCom, formada em Relações Públicas, pós graduada em Marketing...além de amiga, filha, esposa, irmã, cunhada...tudo mais que uma mulher pode ser!

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